21 de setembro de 2009
1 de setembro de 2009
O cliente:
-Conhece o Comércio Justo?
Respondeu-me em italiano que a Itália é um dos países mais importantes no comércio justo através da Altromercato e no entanto...
Escolheu café biológico para levar.
-Será que vale a pena o comércio justo? -perguntou.
-Já está reconhecido pelo Parlamento Europeu como um meio eficaz para acabar com a pobreza -respondi. Expliquei-lhe que acredito que a filosofia do comércio justo melhora também as nossas sociedades porque incentiva um desenvolvimento mais ético. A loja era uma tentativa de dar a conhecer a todas as classes sociais e a todos os níveis de escolaridade os princípios éticos do comércio justo.
-Será um grão de areia no deserto! -respondeu.
Disse que não acreditava que eu tivesse sucesso nesta demanda. Quando á 23 anos atrás veio para Portugal não conhecia a língua nativa e isso dava-lhe sossego. Mas via que o principal interesse dos portugueses era o futebol.
-Temos um grave problema educacional e isso afecta o nosso desenvolvimento -respondi.
Na ânsia de melhorar o ordenado tínhamos esquecido de melhorar o espírito.
Desconfiava das ONG´s:
-Servem para dar grandes ordenados ás chefias e para empregar filhos de políticos!
-Também já pensei assim mas temos de pensar nas pessoas que precisam. Temos de confiar na boa fé de quem dirige e denunciar os casos de policia.
Disse-me que no passado já tinha visto alguns produtos alimentares africanos de alta qualidade em feiras internacionais e não eram vendidos aos países desenvolvidos porque não os queriam.
-Isso é um problema do nosso desenvolvimento -respondi- Por exemplo nas nossas sociedades quase sempre a tecnologia que fica não é a melhor mas a que vende mais. Infelizmente isto repete-se em quase tudo.
É verdade que sou um grão de areia no deserto mas o que me move é lembrar-me destas pessoas que morrem nas ruas sem ninguém se importar. Os nossos problemas filosóficos ou intelectuais são zero comparados com os deles!
Está a ver o meu computador? -apontei- por cada quilo de coltan morrem duas ou três crianças e ninguém liga nenhuma!
-É verdade mas não terá sucesso.... - respondeu.
Era um homem que atravessou as piores épocas da Itália: Segunda Guerra Mundial, corrupção, terrorismo e máfia. Viveu numa Europa infectada com ditaduras de esquerda e direita e uma rude fotocópia disto na América Latina, África e Ásia.
Tinha que o ouvir! A lição de vida que ele me dava era irrepetível.
E no entanto parte da Europa mudou...
A sociedade ocidental demorou séculos para acabar com a escravatura. Mas ela existe! Somos nós homens livres de sociedades democráticas que temos de escolher se a queremos para manter o nosso nível de vida ou acabar com ela.
O Comércio Justo prova (uma vez mais na história) que não é o preço que nos faz evoluir como sociedades mas somente o interesse que nós temos uns pelos outros.
O deserto é feito por muitos grãos...mas até o deserto muda...
Respondeu-me em italiano que a Itália é um dos países mais importantes no comércio justo através da Altromercato e no entanto...
Escolheu café biológico para levar.
-Será que vale a pena o comércio justo? -perguntou.
-Já está reconhecido pelo Parlamento Europeu como um meio eficaz para acabar com a pobreza -respondi. Expliquei-lhe que acredito que a filosofia do comércio justo melhora também as nossas sociedades porque incentiva um desenvolvimento mais ético. A loja era uma tentativa de dar a conhecer a todas as classes sociais e a todos os níveis de escolaridade os princípios éticos do comércio justo.
-Será um grão de areia no deserto! -respondeu.
Disse que não acreditava que eu tivesse sucesso nesta demanda. Quando á 23 anos atrás veio para Portugal não conhecia a língua nativa e isso dava-lhe sossego. Mas via que o principal interesse dos portugueses era o futebol.
-Temos um grave problema educacional e isso afecta o nosso desenvolvimento -respondi.
Na ânsia de melhorar o ordenado tínhamos esquecido de melhorar o espírito.
Desconfiava das ONG´s:
-Servem para dar grandes ordenados ás chefias e para empregar filhos de políticos!
-Também já pensei assim mas temos de pensar nas pessoas que precisam. Temos de confiar na boa fé de quem dirige e denunciar os casos de policia.
Disse-me que no passado já tinha visto alguns produtos alimentares africanos de alta qualidade em feiras internacionais e não eram vendidos aos países desenvolvidos porque não os queriam.
-Isso é um problema do nosso desenvolvimento -respondi- Por exemplo nas nossas sociedades quase sempre a tecnologia que fica não é a melhor mas a que vende mais. Infelizmente isto repete-se em quase tudo.
É verdade que sou um grão de areia no deserto mas o que me move é lembrar-me destas pessoas que morrem nas ruas sem ninguém se importar. Os nossos problemas filosóficos ou intelectuais são zero comparados com os deles!
Está a ver o meu computador? -apontei- por cada quilo de coltan morrem duas ou três crianças e ninguém liga nenhuma!
-É verdade mas não terá sucesso.... - respondeu.
Era um homem que atravessou as piores épocas da Itália: Segunda Guerra Mundial, corrupção, terrorismo e máfia. Viveu numa Europa infectada com ditaduras de esquerda e direita e uma rude fotocópia disto na América Latina, África e Ásia.
Tinha que o ouvir! A lição de vida que ele me dava era irrepetível.
E no entanto parte da Europa mudou...
A sociedade ocidental demorou séculos para acabar com a escravatura. Mas ela existe! Somos nós homens livres de sociedades democráticas que temos de escolher se a queremos para manter o nosso nível de vida ou acabar com ela.
O Comércio Justo prova (uma vez mais na história) que não é o preço que nos faz evoluir como sociedades mas somente o interesse que nós temos uns pelos outros.
O deserto é feito por muitos grãos...mas até o deserto muda...
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